"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"A-Antoine de Saint-Exupéry
Exupéry

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Quando começa o ser humano?

Especialistas discutem o ponto mais polêmico das pesquisas com células-tronco de embriões humanos.


Herton Escobar escreve para “O Estado de SP”:


Quando começa a vida? Essa é a pergunta que está na base de toda a polêmica em torno das células-tronco embrionárias, e é sobre ela que se sustenta a ação de inconstitucionalida de movida no Supremo Tribunal Federal contra as pesquisas com embriões humanos. Da sua resposta dependem não só o futuro da ciência com células embrionárias, mas questões relacionadas ao aborto e à regulamentação das práticas de reprodução assistida.Mas, afinal, quando começa a vida?


Na fecundação, quando o espermatozóide se une ao óvulo ainda na tuba uterina? Ou cinco dias depois, quando o embrião se embrenha na parede do útero, dando início à gravidez de fato?Poderia ser na quarta semana, quando o sistema nervoso começa a estabelecer suas raízes e o coração primitivo dá suas primeira batucadas? Ou ainda, quem sabe, nove meses mais tarde, quando o bebê respira pela primeira vez fora da barriga da mãe?A resposta seria até simples, se a pergunta não estivesse errada. “A pergunta que precisa ser feita não é ‘Quando começa a vida?’, mas ‘Quando começa o indivíduo?’”, diz o especialista George Daley, pesquisador de células-tronco embrionárias e hematopoéticas do Children’s Hospital de Boston e membro do Instituto de Células-Tronco de Harvard.

Embrião com 7 semanas



Em outras palavras: a partir de que momento o embrião deixa der ser um aglomerado de células para se tornar um ser humano distinto, com direito à vida, nome, identidade e passaporte?“Infelizmente, isso é algo que não pode ser respondido pela ciência. É uma questão metafísica”, diz o colega Doug Melton, professor de biologia da Universidade Harvard e um dos maiores especialistas do mundo em células-tronco.Ainda assim, essa é a pergunta com a qual os juízes do STF terão de se digladiar quando retomarem seus trabalhos no Judiciário nesta semana. “Todas as células são formas de vida. Mas isso é bem diferente do conceito de vida que aplicamos a um paciente”, completa Daley.

O Estado conversou com vários especialistas em embriologia, geneticistas, bioeticistas, teólogos e advogados na busca de respostas para algumas das questões mais difíceis desse debate.


Fora do útero


Ninguém nega que um embrião dentro do útero materno é uma forma de vida, ainda que no seu estágio mais primordial. Todo ser humano, afinal, começa como uma dessas minúsculas bolinhas de células, menor do que a ponta de um alfinete.O que dizer, porém, de um embrião que está fora do útero, produzido numa clínica de fertilidade e congelado dentro de um botijão de nitrogênio líquido? Teria ele os mesmos direitos que um bebê na barriga da mãe? Se a vida começa na concepção - mesmo que produzida in vitro -, o que fazer com os milhares de embriões congelados em clínicas de todo o País?
(O Estado de SP, 29/7)

Um comentário:

Naldy disse...

Discussão looooonga e ninguém vai chegar a conclusão alguma.
Tudo isso para vetar o direito que a mulher tem a decidir sobre si mesma. Aborto. Sim isso é polêmico e nenhum outro tema chega perto dele.