"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"A-Antoine de Saint-Exupéry
Exupéry

domingo, 5 de agosto de 2007

A Rainha Faraó










Vi ontem no discovery channel uma história cheia de mistérios de uma rainha do egito, no qual seu nome, Hatchepsut, foi suprimido das principais listas de reis do Antigo Egipto, desconhecida durante muito tempo. Em meados do século XIX, 1922-1923 , quando a Egiptologia se estruturou como campo do saber, iniciou-se a redescoberta da rainha-faraó em escavações em Deir el-Bahari na área pertencente ao rei Mentuhotep II, encontrando uma série de estátuas de Hatchepsut. Porém, não se sabia que múmia era ela, nem ao menos se a múmia desta incrível rainha, já tinha sido descoberta. Foi apenas um único dente que levou à identificação daquela que é uma das múmias mais importantes da História do Antigo Egipto (uma mulher no poder naquela época era incomum) e que hoje se sabe serem os restos mortais da única grande rainha do Egipto Faraónico, mulher mais importante a governar o Egito há 3,5 mil anos. Para se ter uma idéia de sua relevância, ela é considerada pelos egiptólogos (estudiosos da cultura egípcia) uma rainha mais poderosa que Cleópatra ou Nefertiti. Hatshepsut, famosa por ter organizado uma das raras expedições estrangeiras da civilização egípcia, ao país de Punt, que muitos acreditam situar-se na actual Somália.


A conquista dos arqueólogos serviu também para efervescer as discussões em torno de seu misterioso reinado e sexualidade. Isso porque Hatshepsut foi uma rainha, entretanto, governou como um rei. Estátuas, gravuras, ilustrações e representações da época comprovam que ela era uma verdadeira Drag King (versão feminina de Drag Queen), vestia-se com trajes masculinos – usou até a tradicional barba dos faraós - e não apresentava-se como "Rainha", mas como "Faraó".





A ciência, tecnologia, insistencia e vontade dos historiadores, forneceram pistas para encontrar a múmia da rainha, e teorizar os motivos pelo qual sua história como rainha registrada nas paredes do antigo egito, ter sido propositadamente apagada da história.










História da rainha



Hatshepsut nasceu em Tebas. Era a filha mais velha do rei Tutmés I (Tutmósis I) e da rainha Ahmose.

Quando o seu pai morreu Hatshepsut teria cerca de quinze anos (para alguns egiptólogos teria vinte anos). Casou com seu meio-irmão, Tutmés II, seguindo um costume que existia no Antigo Egito que consistia em membros da família real casarem entre si. Após a morte de Tutmés II, em 1479 a.C, cujo reinado é pouco conhecido, o sobrinho de Hatshepsut,Tutmés III , era ainda uma criança que não estava apta a governar. Por esta razão Hatchepsut, na qualidade de grande esposa real do rei Tutmés II, assumiu o poder como regente na menoridade de Tutmés III.



Os dois governaram juntos até 1473 a.C., quando Hatshepsut declarou-se faraó.


<------Ao lado, Tutmés III e Hatshepsut











Vestida como homem, ela administrou a nação com total apoio do alto sacerdote de Amon, Hapuseneb, e de outros dignitários do reino. Em seu reinado de 22 anos, a primeira mulher faraó de todos os tempos parece ter tido tanto força política quanto carisma. Habilmente, ela conseguiu convencer o Clero de Amon a torná-la Faraó do Egito, ainda que não fosse permitido a mulher alguma tal cargo.




Hatshepsut morreu em 1458 a.C., quando Tutmosis III liderou uma revolta para reaver seu trono faraônico, e segundo estudiosos, acredita-se que ele tenha apagado todos os vestígios que conservassem a sua memória para a história do Egito. Tal ação teria sido por vingança, já que a rainha teria dado um golpe e tomado o poder de seu sobrinho, Thutmois III, além disso, tal vingança evitaria que no futuro algum herdeiro dela pudesse reinvindicar seu trono e de seus sucessores. Estratégia política, ao meu ver, bem grotesca hehehehe.


Interessante o que a história pode nos revelar. Fatos históricos descobertos presumem que a rainha, Hatshepsut, tinha um companheiro (amante), Senemut, um oficial do exército de origem modesta, que não casou enquanto foi faraó. Foi chefe do conselho da rainha e preceptor da filha de Hatchepsut, a princesa Neferuré, com a qual surge representado em várias "estátuas-cubo" (estátuas nas quais apenas a cabeça emerge de um bloco de pedra).

Estátua de Senemut e Neferuré. Neferuré teria falecido ainda muito jovem, seria a sucessora de Hatshepsut, e provável filha de Senemut com a Rainha Hatshepsut.









A descoberta de qual Múmia era a rainha



A múmia aparentava pertencer a uma mulher obesa, na casa dos cinquente, com dentes podres e que terá morrido de cancro nos ossos. A múmia - agora identificada - foi descoberta em 1903 no Vale dos Reis, mas acreditava-se ser a múmia de Sitre In, uma ama de leite da rainha, não a própria rainha… A identificação ocorreu porque um dente molar guardado numa caixa de madeira com o nome da rainha e descoberto em 1881 junto a uma colecção de múmias reais reunidas por sacerdotes numa época de turbulência social no Egipto revelou corresponder exactamente a uma cavidade dental presente nessa múmia. Embora o dente encaixe na perfeição (o que dá a esta identificação uma certeza de quase 100%, segundo os peritos), a certeza absoluta virá dos testes DNA da avó de Hatshepsut, Ahmose Nefertari, que estão agora a ser conduzidos.

Esta descoberta indica que nem sempre as descobertas mais espectaculares resultam de expedições arqueológicas como aquelas dos filmes Indiana Jones e que por vezes, tudo já está efectivamente descoberto… Apenas mal catalogado, e que as maiores descobertas podem ser feitas nas prateleiras e armazéns dos museus…

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